segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Programa leva universitários ao contexto dos usuários de drogas



O Programa de Redução de Danos busca expandir as fronteiras do conhecimento acadêmico, normalmente restrito à Academia, ao levar universitários para o contexto dos dependentes químicos. Em um seminário realizado no mês de outubro, pesquisadores e alunos trocaram experiências sobre o projeto, que atende anualmente cerca de 50 mil usuários de entorpecentes. O relato de quem saiu do mundo das drogas através do programa é tocante, mas é a opinião de quem ajuda o que mais chama atenção: são jovens interessados em atuar e mudar um contexto social antes longe e obscuro, configurando uma troca de ações e experiências fantástica. 

Aliança de Redução de Danos abre debate na sociedade com simpósio na UFBA



Contribuir na construção de um saber que possibilite os estudantes ter uma leitura mais crítica da problemática que envolve o consumo e tratamento de usuários de substâncias psicoativas, repensando e reconstruindo formas de garantir o respeito ao usuário e aos seus direitos enquanto cidadãos. Esse foi um dos principais assuntos tratados no Simpósio Redução de Danos e os desafios frente às Políticas Públicas, promovido pela Aliança de Redução de Danos Fátima Cavalcanti (ARD-FC), nos dias 6 e 7 de outubro, na Universidade Federal da Bahia (Ufba), campus de São Lázaro, em Salvador. O auditório do Centro de Recursos Humanos da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Ufba esteve repleto de estudantes, professores, profissionais e pesquisadores da área. Segundo a equipe de organizadores, é a partir da oferta de elementos para a reflexão e a crítica sobre os assuntos selecionados para o debate que se constrói novos elos na sociedade.

“O primeiro dia do evento foram palestras que debateram o tema da Redução de Danos, isso pela manhã, e pela tarde as explanações foram sobre Legislação e Políticas Públicas sobre drogas, ministrados por professores, profissionais e pesquisadores das áreas específicas, como o coordenador geral da ARD-FC Tarcísio Andrade, o psicólogo e antropólogo Tom Valença, a advogada e professora Ludmila Correia, a promotora de Justiça de Salvador Itana Viana e o movimento social organizado, o Coletivo Ganja Livre”, informa a redutora de danos, Laura Alícia Côrtes.





Já no dia 7, no turno matutino, houve o mini-curso “Redução de Danos como prática de Educação Popular: reinventando o método Paulo Freire”, coordenado por membros da ARD-FC, que colocaram em pauta o trabalho do redutor de danos como uma prática da educação popular. “Durante a tarde ocorreu também o Cine-debate ‘Redução de Danos pelo mundo’, mostrando como ocorre a redução de danos nos diferentes lugares do Brasil e do mundo”, salienta a redutora Cetilá Itas.

O que é Redução de Danos?
A Redução de Danos constitui uma estratégia de abordagem dos problemas com as drogas que não parte do princípio que deve haver imediata e obrigatória extinção do uso de drogas, seja no âmbito da sociedade, seja no caso de cada indivíduo, mas que formula práticas que diminuem os danos para aqueles que usam drogas e para os grupos sociais com que convivem. Recentemente existe um movimento voltado ao trabalho de redução de danos, a estratégia da saúde pública que visa a amortecer os danos à saúde em consequência de práticas de risco, como o uso de drogas.



A adoção de redução de danos para a abordagem dos problemas associados ao uso de drogas está prevista na Política Nacional sobre Drogas. Hoje, o governo ampliou seu campo de atuação e tem demonstrado que essa política é uma importante estratégia de saúde para essa população, que muitas vezes encontra-se em situação de vulnerabilidade social, demandando ações complementares às oferecidas pelo sistema tradicional de saúde.